Bora falar de mim Nem de longe nem de perto É melhor por um travão, ou então eu não me calo E talvez por ser assim, tanto falho até que acerto E aquilo que vai cá dentro, nem há tempo para guardá-lo A vida dá estalos E eu vou guarda-los Entre o som de palmas e o bom é que ainda estamos cá Para lá do certo, em cada passo, em cada verso Sou simples e complexo E o complexo não tem nexo Vi preço da frontalidade Pesei o peso da verdade E o resultado é algo que até é do meu agrado Longe do lógico, perto do óbvio Liberto o que é tóxico, hoje estou sóbrio Sim, sou maluco mano eu sou músico E num mundo tão escuro eu sou luz e tu? Meço o meu pulso, tenho impulsos que me deixam confuso Mas não recuo nem refuto, até que ponto é abuso? Às vezes há coisas que são tão Fáceis e difíceis de dizermos não, yeah Somos cegos e sem ter razão Procurarmos a razão de ser Entre o preto e o branco, eu sou cinzento Tou bem camuflado lá na minha rua E isso diz tanto, quando ouvires o vento Esta é a minha cor diz-me qual é a tua? Sublinha o que penso e se o clima é tenso Sublime fumo denso e nele eu desapareço e contemplo Paro e inalo deste incenso Absorto adormeço E o meu corpo sai ileso, intenso Isto é natural nada sintético O singular do plural, um progresso aritmético Sem contexto estético o final até é poético O agora, o pretérito, O real, o hipotético Quem dera, ligaram mas quem era? Sussurram ao meu ouvido E eu duvido mera, ilusão de um oásis antigo Num paraíso, paraliso Para isso, pára isso Sou indeciso e o compromisso é não decidir já Canalizo a energia no meu talismã Verbalizo não vigarizo o que me traz cá Em cada frase um impasse para um amanhã Às vezes há coisas que são tão Fáceis e difíceis de dizermos não, yeah Somos cegos e sem ter razão Procurarmos a razão de ser Entre o preto e o branco, eu sou cinzento Tou bem camuflado lá na minha rua E isso diz tanto, quando ouvires o vento Esta é a minha cor diz-me qual é a tua? Tá implícito desde que eu gatinhava Há indícios que eu suprimira E os vícios que nunca suplicara Refletem-se em cada palavra Ah, ah, ah Ah, ah, ah Às vezes há coisas que são tão Fáceis e difíceis de dizermos não, yeah Somos cegos e sem ter razão Procurarmos a razão de ser Entre o preto e o branco, eu sou cinzento Tou bem camuflado lá na minha rua E isso diz tanto, quando ouvires o vento Esta é a minha cor diz-me qual é a tua?