O nevoeiro toma conta da cidade Olho vidrado semi fechado raiado de encarnado Tou habituado ao nevoeiro corrente Mas ultimamente, ele parece-me diferente Num relance vejo tudo entro num transe sistemático Onde o universo é estático e o piloto é automático É o modo mais prático de vaguear à luz da lua A uma hora tardia onde quem guia é o pendura Será o fumo que fumo? Denso, turvo E quanto ao meu rumo eu não penso, durmo Adormеço os sentidos em cuidados paliativos Notívagos até o sol vir anunciar o fim do turno É quando eu pеnso que este senso não tem senso E quanto mais eu penso mais me lembro que me esqueço Eu inalo tudo e esqueço tudo Aquilo que me preocupa da superfície deste mundo Podes vir falar comigo, é que eu sou todo ouvidos Desculpa mas eu duvido que me digas 100% quem és Vi nos teus olhos, analisei os teus poros E por aquilo que contas Eu já vi que não és 100% tu! Diz-me quem és tu Atrás desse nevoeiro, eu não te conheço Por outro lado desenvolvo uma estranha aptidão Um modo foco desfocado abre a porta da criação Comunicação, coração ligação directa Se não racionalizas qualquer direção é certa É o começo de um casulo que eu teço É quando eu descubro que afinal não me conheço É quando olho ao espelho e mesmo assim não me convenço Que a esta hora qualquer homem pode virar do avesso Será o fumo que fumo? Denso, sempre E quanto ao teu rumo não penses, sente Dás por ti constantemente a seguir gente Pelo motivo de ir atrás de quem vai à frente Mas eu vagueio como meio de recreio E o efeito do que tenho feito é colateral Se a alma ficar saciada é fundamental E se vir a minha almofada, é bom sinal Podes vir falar comigo, é que eu sou todo ouvidos Desculpa mas eu duvido que me digas 100% quem és Vi nos teus olhos, analisei os teus poros E por aquilo que contas Eu já vi que não és 100% tu! Diz-me quem és tu Atrás desse nevoeiro, eu não te conheço Eu, não te conheço Se te perguntasse Não respondesses é normal que duvidasse que Já não te vejo com os olhos que via Eu só queria que visses um dia sem neblina Eu, não te conheço Se te perguntasse Não respondesses é normal que duvidasse que Já não te vejo com os olhos que via Eu só queria que visses um dia sem neblina Podes vir falar comigo, é que eu sou todo ouvidos Desculpa mas eu duvido que me digas 100% quem és Por aquilo que contas... Não és 100% tu! Quem és tu? Atrás desse nevoeiro, eu não te conheço