Quis ser barco de viagem Que te levou em noite fria O vazio ocupa espaço A saudade não tem cura Os poetas estão cansados De dizer o que eu não digo Falta-me a voz para contar O que eu quero e não consigo O que dirá minha alma à vida Quando à morte se entregar Haverá quem compreenda E quem condene o meu pesar Os poetas estão cansados De dizer o que eu não digo Falta-me a voz para contar O que eu quero e não consigo Os poetas estão cansados De dizer o que eu não digo Falta-me a voz para contar O que eu quero e não consigo Na minha voz a cantar Corre o pranto de um ser De um ser que não se entendeu E na casa são frágeis paredes que dançam E num mundo sem nome vou sendo sem graça Resisto de pé como eu de uma prosa Que já morto sobrevive A vontade em mim está morta Mas bem sei, não vou embora Falta-me a voz para contar O que eu quero e que em mim mora Os poetas estão cansados De dizer o que eu não digo Falta-me a voz para contar O que eu quero e não consigo