"Ilmo. e Exmo. Sr. Presidente da República Brasileira Nós, marinheiros, cidadãos brasileiros e republicanos Não podendo mais suportar a escravidão na Marinha Brasileira Rompemos o negro véu que nos cobria os olhos Do patriótico e enganado povo. Achando-se todos os navios em nosso poder Tendo a seu bordo prisioneiros todos os oficiais Mandamos esta honrada mensagem Para que V. Exa. faça os marinheiros brasileiros Possuirmos os direitos sagrados, bem assim como: Reformar o código imoral e vergonhoso que nos rege A fim de que desapareça a chibata, o bolo E outros castigos semelhantes. Tem V. Exa. o prazo de 12 horas Para mandar-nos a resposta satisfatória. Bordo do Encouraçado S. Paulo em 22 de novembro de 1910." João Cândido. Marinheiro, brasileiro e negro Foi o responsável por liderar a revolta Dentro da qual foi redigida esta carta. A Revolta da Chibata. Revolta "da Chibata" porque foi preciso um motim Uma revolta que apontasse os canhões da armada Na direção da capital do país Para que o estado brasileiro se desse ao trabalho De extinguir os castigos físicos Como as chibatadas nas costas Que ainda vigoravam dentro da marinha brasileira Tal e qual na época da escravatura Mesmo após quase 20 anos da abolição. Nem é preciso dizer que quem sofria estes castigos Eram apenas os marujos de baixa patente E que estes eram em sua grande maioria pobres e negros Como o líder João Cândido Que depois da revolta ganhou um alcunha inesquecível: Almirante Negro.