Kishore Kumar Hits

Puro L - Dia De Escola lyrics

Artist: Puro L

album: O Último Mortal


Abre-me a porta mãe, 'tou a chegar
Trago da escola coisas pra contar
Cá pra mim já sabes
Porque a diretora de turma avisou-me que te ia ligar
Parou a aula pra me enxovalhar
À pala da roupa que eu ando a usar
E porque hoje trouxe um anel do chinês
E a chapa ao pescoço posta num colar
Quer ficar a par das companhias
Se no intervalo eu ando no Sameiro
A apanhar beatas, mas eu fumar um cigarro
Tá pra chegar o primeiro
Penso pra mim, o melhor que fazias
Era dizer isso a frente de um espelho
Que deves ter começado nesta idade
E hoje dás aulas com bafo a cinzeiro
Baggy jeans e o cabelo à Zé Milho
Foi tudo aquilo que arranjaram pra apontar ao teu filho
Tenha cuidado que ele é fino mas mantenha-o no trilho
Porque a julgar pelo aspecto 'tá metido em sarilho
Querem falar de mim, vou dar um motivo
Comecei a pintar paredes da cidade onde eu vivo
Sair pela rede éne vezes com lata
Hoje rio-me da porcaria que fiz pra preencher o vazio
O meu desenho acho lindo e é feio
Como bazar do recreio sem que na escola eles vejam
Na verdade, foi assim que ganhei
Ainda que à margem da lei, a minha primeira HipHop Nation
Quem diria que dos gunas ouviria lições de vida
Além de mocas e de blocos de notas
Com a vertente educativa que até aqui me traria
Aquela mensagem positiva dos Dealema ou do Nokas
Abre-me a porta mãe, 'tou a chegar
Trago da escola coisas pra contar
Cá pra mim não sabes
Porque a diretora não tem um motivo para hoje te ligar
A não ser que fosse a dar os parabéns
Pelo crescimento do filho que tens
Os prémios que ganha com aquilo que escreve
As notas que tem, ficava-lhe bem mas
Fica a pensar que a minha evolução teve o seu contributo na
Figura de estilo, semântica e métrica foi tudo fruto da
Rotina constante a consumir rap que ela censurou
Foi lá que busquei identidade que ela ao me julgar quase me roubou, mas
Sinto que vou buscar aquilo que é meu
Sei de quem já há muito que me esqueceu
Vejo que há um pouco de mim que lá morreu
E hoje é o dia de eu levantar o véu
Sinto que vou buscar aquilo que é meu
Sei de quem já há muito que me esqueceu
Vejo que há um pouco de mim que lá morreu
E hoje é o dia de eu levantar o véu
Abre-me a porta mãe, 'tou a chegar
Vai-te parecer que 'tou a alucinar
Juro que vi o futuro num sonho
Em que a arte era a forma do homem se salvar
Fonte em que a mente se pode banhar
Espaço prá alma revitalizar
A sala de espelhos, em que um homem nu
Se fica a conhecer num olhar singular
Espera um pouco, deixa acabar
Que isto é arte em bruto, estou-me a lapidar
Ninguém leva a sério o que eu falo
Preciso de alguém a quem possa mostrar
Sei que pra já são rimas em ar
Mas se eu paro agora vou ficar sedado
Vivo no quarto a rimar palavras
E no fim do dia ainda acabo gozado
Enfiado num sistema de ensino
Que vandaliza quem ensina e espera ver-me no cimo
Tiram-me as bases só pra ver se eu me auto disciplino
Por isso escrevo o que sinto e decoro aquilo que rimo
Depois de dez anos a comer calado
Dentro do quarto fechado eu continuo a dar na música
A única forma de passar o que penso
Como passaram a mim e fazê-lo de uma forma lúdica
Mãe, hoje dizem que o teu filho é crescido
E quando apareço de gravata já não vêm defeito
Quem diria que o miúdo com o futuro tremido
Entrava numa faculdade pública de Direito
Vim cá ver de que é que o país é feito
Grandes artistas
Génios, cobardes, homens de verdade
Amigos, porcas e chupistas
Tranca-me a porta mãe vou chegar tarde
Abre-me a porta mãe que eu já cheguei
Tentei fugir, fazer de novo
Esquecer o rap, acho que falhei
E eles dizem que vale mil palavras a imagem
Só que imagem não define ninguém
Eu fico para a ouvir a mensagem
E comparar com a imagem que ela tem
Betos e cromos, dreads e gunas
Dão pelos nomes que a gente lhes dá
E o dread que sonha fortunas é o Beto
Que rouba trocos de amanhã
E eu 'tou na rotina constante a fazer
O som que ela censurou
É lá que busco a identidade
Que ela ao me julgar quase me roubou mas
Sinto que vou buscar aquilo que é meu
Sei de quem já há muito que me esqueceu
Vejo que há um pouco de mim que lá morreu
E hoje é o dia de eu levantar o véu
Sinto que vou buscar aquilo que é meu
Sei de quem já há muito que me esqueceu
Vejo que há um pouco de mim que lá morreu
E hoje é o dia de eu levantar o véu

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