Minha vida era um palco iluminado Eu vivia vestido de dourado Palhaço das perdidas ilusões Cheio dos guisos falsos, há alegria Andei cantando a minha fantasia Entre as palmas febris dos corações Meu barracão, num morro do Salgueiro Tinha um cantar alegre de um viveiro Foste a sonoridade que acabou E hoje, quando no sol A claridade forra o meu bacarrão Sinto saudade da mulher pomba-rola que voou Nossas roupas comuns dependuradas na corda Qual bandeiras agitadas Parecia um estranho festival Festa dos nossos trapos coloridos A mostrar que nos morros mal vestidos É sempre feriado nacional A porta do barraco era sem trinco Mas a lua furando o nosso cinco Salpicava de estrelas nosso chão Tu pisavas nos astros, distraída Sem saber que a aventura desta vida É a cabrocha, o luar e o violão