O céu, desse Brasil, Na janela dum motel A lua apareceu de anágua E deu, de se apagar Enjoada de brilhar Engravidada e ensolarada E o sol adormeceu Desmaiado de prazer Suado feito um olho d'água E deu, deu no que deu Deu à luz no carnaval É brasileira a madrugada Desceu Deu beleza à escuridão Pariu mulata ao alvorecer Jogou pimenta com dendê Nos olhos desses bem vividos Poetas, loucos e vilões Meretrizes, gigolôs Gigantes, bruxos e anões Bordéis, cassinos e pensões E a madrugada é dos traídos Quero ser Teu sentinela da ilusão O exílio da imaginação, Teu guardião da poesia Beber a lua com limão Achar o sol na escuridão Deixar incendiar meu coração Viver morrendo de alegria