Eu quero cancha e espaço, que vai correr um potro novo No meio de tanto povo, o potro senta e não sai Sou da costa do Uruguai, querida terra sulina Das barrancas da Argentina, berço natal de meus pais Não sou pegado de campo, tenho tempos de cocheira Sei que não é brincadeira enfrentar esse mundo louco Se de cantar já estou rouco Pra entrar na cancha sozinho Quero um vetor de confiança e um terceiro de padrinho Com o Rio Grande nos braços Eu braceio braças de trilho Meu pingo comendo milho, não tem tiro e nem parada Eu quero correr essa potrada até onde o sangue alcança Juntando ideia e talento para pesar na balança Eu quero cantar e falar Vencer com minhas próprias mãos Não que eu tenha pretensão de ser mais do que ninguém Pois Jesus Cristo também viveu livre igual um potro E nunca foi seu costume vencer com chapéu dos outros Na cancha reta da vida, um potro a mais não diz nada Mas quem negar a parada no freio do ganhador Não se importando a quem for, negando convite ao tranco Sento na rédea e me banco, nem saio do partidor