Faz dias que eu sinto esse vento norte Inquieto e inconstante varrendo a paisagem A chuva se faz anunciar feito a sorte Quando são escassas, aguada e pastagem João Grande, solito na várzea pousado O gado se ajunta pra lá do rodeio Cavalos nas sombras suando parados E a estância se apronta que vem tempo feio É escuro pro lado onde a chuva começa E vem levantando esse cheiro de chão O peão da invernada retorna com pressa Buscando o abrigo fiel do galpão O mundo estremece, o trovão é quem canta O raio recorta da tarde um pedaço O campo se ajoelha, o céu se levanta E o vento da chuva reponta o mormaço O céu se levanta E o vento da chuva reponta o mormaço ♪ Nas velhas que benzem tormentas e almas Ou na cruz de sal sobra um velho balcão A fé se debruça, o vento se acalma E a chuva se amansa molhando o rincão O homem levanta o chapéu e bombeia O pasto rebrota e verdeja de novo Que a chuva que chega na seca mais feia É feita a esperança nos olhos do povo O mundo estremece, o trovão é quem canta O raio recorta da tarde um pedaço O campo se ajoelha, o céu se levanta E o vento da chuva reponta o mormaço O céu se levanta E o vento da chuva reponta o mormaço O mormaço O mormaço