Foi quando o laço arrastado Voltou em rodilhas pros tentos, Que aquela nuvem de poeira Subiu na manhã sem vento. No quadro que se pintou, Quando baixou a cortina, Parte da terra voltou, Parte ficou na retina. Visão de campo embaçada De terra e de sentimento. Não é o pó das estradas, Nem polvadeira de vento. É poeira de parador, é uma paisagem por dentro. Da terra é o carnal e a flor, Oreando ao sol do meu tempo. Por algo que o gado antigo, Que abriu os primeiros rastros, Fez deste alto um abrigo Virando a terra nos cascos. Depois vieram "los gauchos", A pedra, o ferro, o calor. E ali não subiu mais pasto, Só poeira de parador. Um touro que escarva a terra Pra outro desafiador. E o encontronaço das aspas Retumba no parador. Sobe o som na polvadeira, Pro céu que muda de cor. Quem respirou dessa poeira A enxerga por onde for. Esse é o templo primitivo, Sem torre, sem catedral, Onde o ritual mais antigo Queima nas pedras de sal. Tremor de sovéu sinchando, Toruno juntando as mãos, Com incensos fumaceando Da terra que deixa o chão. No quadro que se pintou, Quando baixou a cortina, Parte da terra voltou, Parte ficou lá por cima.