Quando eu encontro estendida No meio do capim ralo A sombra que foi cavalo Hoje em completo abandono Sem um amigo, sem dono, Por Deus, que sinto um abalo. Na direção da querência Tenho a cabeça voltada E uma lágrima enredada Nos olhos tremeluzindo Como uma estrela saindo Na silente madrugada. De certo algum pingo nobre Desgarrado na peleia Que sofrendo cambaleia E tantas penas reflete Bota nas rédeas meu flete E a tristeza me esporeia. Nem o índio mais cansado Que muito tenha sofrido, Pode abafar um gemido Ao ver em tal decadência Um outro irmão da querência Que traga o tempo vencido. Quanto a mim sinto a tristeza Que vem troteando na frente A saltar me de repente E aborrecido me calo Pois que a sina do cavalo É semelhante da gente. Quando o paisano abre os olhos Já tornou se a mocidade Tapera que o mato invade Da qual só resta um esteio Já se partindo no meio Que a gente chama: saudade!