Foi o silêncio da imagem Dos teus traços e colores, Que veio falar de amores Perdidos no próprio tempo... Pois o quadro que contemplo Retém um clarão maduro E o simbolismo mais puro De um valor que restou; Qual luz que não se apagou Pra vir brilhar no futuro. Guarda uma réstia no rosto De um misto índio - espanhol, E na tez crismada de sol Algum feitiço moreno... Se hoje pensando te aceno Mesmo sem saber direito, Se o coração em teu peito Já se fez rancho e morada; É porque ando na estrada Campeando ao tranco teu jeito... Te quiero si ya lo creo, Princesa moura - xirua! Teu riso de meia lua, Lumando o breu dos anseios; Meus sonhos e devaneios Por serenatas nocheras... Quando te canto trigueira, Lejano e solo mi hiberno, Pulsando a alma de cerno De uma guitarra campeira... Se sonho em matear contigo Tal se estivesse em outra vida, A m'ia boca ressequida Desperta inquieta pro dia... Silba tristes melodias Que se perdem no relento, Menos copla e mais lamento De quem tem sonho distante... E talvez já ande errante Na ânsia de achar alento... Perdoa os sonhos morena Que hoje canto sem vaidade Ou então torna verdade As quimeras que ajoujei... E se a ti me acheguei, Foi pra que compreendas bem Este meu desejo além De amar e de viver, De um vago que sonha ter Mas inda não tem ninguém!