João Facão palmeia o cabo Dum tramontina três listas, Que até parece um pincel Sob o manejo do artista. Reboleando com destreza, Num jogo, troca de mão; E dum jeito debochado, Arrasta a ponta no chão. João Facão - gato do mato - Não pisca e nem erra o pulo, Tão pouco tenteia a sorte Com tava feita pra culo. Mas quando Deus se distrai, Brinca com as coisas do diabo E no miolo do rodeio Escarva igual touro brabo. João Facão destapa a cara Tombando o chapéu na nuca, Pra "inxergá" o mundo na volta E aonde senta a mutuca. Pisa "liviano" no chão, Espera o golpe do outro, Qual tirasse o corpo fora Do manotaço dum potro. Na redondeza é falado, Tem fama em toda a fronteira, Por bochinchear nas bailantas E comércios de carreira. João Facão boleia a anca E escora o que vem por cima. Rebate ferro com ferro Com maestria na esgrima. João Facão, quando atropela, Dita as regras do namoro... Às deva, é de quina viva. Às brincas, larga de estouro. Porém sabe que a coragem, Por fraqueza, se anuncia, Se o medo for traiçoeiro E a força for covardia. João Facão - história antiga - Por justiça ou diversão, Peleava com a própria vida No fundo de algum rincão. Viveu no tempo em que o homem, Sem fibra, não era aceito; E mais que ser peleador, Morria pelo respeito.