Tinha uns verso pelo meio Cuja primera intenção Era riscar de violão, Fazê-los sonoridade, Mas pra falar a verdade - Tirando aquelas por farra - Minhas noções de guitarra Também são pela metade! Tastaviando sobre os trastes Acomodei melodia; Uma milonga macia Sem invenções no compasso! Pra rechear seus espaços Tive a ideia - desvario: - Me desdobro em assovio Se acaso me faltar braço. Penso e pensando não vejo Como descobrir aonde é que esse velho desejo De correr mundo se'esconde... Sempre que a noite morena Acende suas estrelas, Não posso conter-me apenas à admirá-las, à vê-las... As quero mais perto - belas - Vindo comigo em reponte Para luzirem com aquela Que o meu pingo traz na fronte! Já tive dona - carinhos... Já tive rancho - morada... Larguei tudo pra sozinho, Embriagar-me de estrada! Se igualam os meus costumes Aos que Martin Fierro tinha: - No pinho desperto ciúmes, Não faço feio na rinha. Pareço ter na garganta Força maior do que a minha E outro cantor não canta Quando improviso em dez linhas! D'onde venho não esqueço, Pra onde vou só Deus sabe; Quanto ao todo que me cabe Não me cabe botar preço! Exatidão de endereço? - Não pra o índio que caminha! - Limites? Nem mesmo a linha Que o horizonte reparte! - Posso estar em qualquer parte, Afinal a terra é minha! Ou eu me amanso algum dia Na ilhapa da trajetória E tod'as balda - mania Que tenho virão memória. Ou levo pra o cemitério - Conforme disse o cantor - Esse destino gaudério, Peregrino e cruzador.