Doutor meu estudo é pouco, Pra viver na capital. Nasci lá no pé da serra, Não fiz o primeiro grau. Meu professor foi o gado, E a escola o curral... Eu tenho as mão calejadas, E tenho o braço pesado. Corto o pau e faço estaca, E deixo o touro amarrado. Pra montar em bicho bravo, Sempre fui conceituado... Deixei minha linda terra, Pra vir morar na cidade. Nunca pensei que o destino, Me fizesse essa maldade. Só encontrei violência, Desespero e vaidade... Não fico mais na cidade, Que a vida é muito ruim. Não vejo o cantar do galo, Nem a grota do cupim. Essa saudade terrível, Termina me dando um fim... Vou voltar pra minha terra, Pra passear nas ladeiras. Ver o açude correr e Tomar banho de cachoeira. Montar em cavalo bravo, E enfrentar as catingueiras... As minhas terras são boas, Que a natureza é quem faz. Estrada aberta e bem feita, Dos cascos dos animais. A saudade me devora, E eu ja não suporto mais... Na fazenda que eu nasci, Tinha grande casa calhada. E um quartinho reservado, Que guarda toda troçada. Só resta a recordação De meu pai tangendo a boiada... Ainda ontem eu sonhei, Com um pé de serra pedregoso. Com os carinhos de mamãe, Que em mim fica mais gostoso. Pro meu cantinho de infância, Eu quero é voltar de novo Com um pé de serra pedregoso. Com os carinhos de mamãe, Que em mim fica mais gostoso. Pro meu cantinho de infância, Eu quero é voltar de novo...