Quantos anos de solidão Para aprender Que não é virtude o sofrimento No embate a indiferença A razão me prega peças com ilusão Descrença, dor e ressentimento Fingir que está tudo bem Não pode ser a solução Eu já me resvalei Nas fendas da escuridão Já errei a mão Quantos estranhos, incrédulos Cegos veem sem te enxergar Mulher, ser invisível Tentando em vão me alcançar Sua dor sem par Por que minha teofania? Eu te fujo à compreensão Nos levam pelos braços Nos arrastam pelas mãos Tua maior prisão Desde o princípio Em meus delírios você vê Não é minha opção Pois o lamento Da natureza fria a compreensão De que a chuva é audição Olfato, tato, covarde ter sentimento Em seus olhos estão vozes Que em meus ouvidos ecoam Eu também ouço cores Que seus rancores caçoam Deles destoam Você celebra vitórias De tempos idos, histórias Sonhos por mim tolhidos Em toda grandeza e glória Perda e memória Não é difícil entender A estima de um sorriso amigo Quem soube dar um abraço, calor, chão, abrigo Que entendeu o peso que a vida traz comigo Danos, reparos São meras percepções Sinais cruzados Pensamentos riscados Subversões Porque tem gato rondando Vai subir as escadas, perigos, razões Pedidos de ajuda ignorados Antenas quebradas, interlocuções Em sua mesa do almoço A mão cruza o pescoço Modernas imolações