Aquela barulheira toda
Com as antenas atentas, ela escuta
Parece que ouve mesmo
De longe, com os pés partidos, as costas carregadas
Vêm as formigas todas
Carregando o mundo nas costas
Sol na paia, poeira
Tem força quem planta o pão
Gente trabalhadeira
Chapéu, enxada na mão
Solidão companheira
Suor amolece o chão
Capinar é sozinho
Colheita traz mutirão
Sol na paia, poeira
Tem força quem planta o pão
Gente trabalhadeira
Chapéu, enxada na mão
Solidão companheira
Suor amolece o chão
Capinar é sozinho
Colheita traz mutirão
É bom ser tão sertão
É bom ser tão sertão
É bom ser tão sertão
É bom ser tão sertão
♪
Relampeou, vai chover, vem aguaceiro
A chuva acalma a poeira do terreiro
Valeu a pena o labor do sertanejo
Pois a colheita vingou, enche o celeiro
Traz a viola, o tambor e o pandeiro
Pois a cigarra cantou lá no terreiro
Valeu a pena o labor do formigueiro
Pois a colheita vingou, enche o celeiro
Canta o poeta a canção
Ao ver chover no sertão
O sertanejo chorou
Ao ver chover no sertão
Canta o poeta a canção
Ao ver chover no sertão (chover no sertão)
O sertanejo chorou (o sertanejo chorou)
Ao ver chover no sertão
Relampeou, vai chover, vem aguaceiro
A chuva acalma a poeira do terreiro
Valeu a pena o labor do sertanejo
Pois a colheita vingou, enche o celeiro
Traz a viola, o tambor e o pandeiro
Pois a cigarra cantou lá no terreiro
Valeu a pena o labor do formigueiro
Pois a colheita vingou, enche o celeiro
Relampeou, vai chover, vem aguaceiro
(Irrá, irrul!)
(Eita coisa boa, sô!)
Era uma festa, um desfile, uma alegria desatada
As formigas correm, as formigas dançam
As formigas acenam, as formigas encostam as antenas
As formigas saúdam umas às outras
E no meio delas, sozinha, está a nossa Cigarritia
A formiga Precavida não se contém e está vibrando de alegria
Cigarritia!
Como estão as coisas pro inverno?
Eita, fartura boa!
Estamos soterrados de tanta comida!
Estou vendo, mesmo
Aliás, vi tudo isso nas linhas da sua mão
Quando nos conhecemos
Viu tudo isso nas linhas da minha mão?
E nem me contou?
Se eu soubesse, tinha trabaiado' ainda mais
Mas, ó, o outono ainda não acabou
E eu ainda tenho muito o que fazer
Vou indo, viu?
Que você ainda deve ter muito trabaio' pra fazer
Antes do inverno chegar, hein?
Que a sorte esteja contigo, amiga
Muitíssimo feliz, a formiga Precavida vai embora
Carregando os frutos que colheu
O olhar da Cigarritia acompanha a desaparecer ao longe
Tão longe
Tão longe, que a Cigarritia mal consegue ver
Elas têm comida o suficiente para alimentar o formigueiro todo
E muito mais
Muito mais do que eu jamais sonhei em ter
Ora! Eu nem preciso daquele tanto de comida
Aliás, quem precisa?
O mundo não se resume ao que temos
Não é mesmo?
E as coisas que não se pode manter
Que vão embora quando não estamos olhando
Um sorriso
Uma história
Isso não se pode juntar como quem junta comida
Meu trabalho nos dá essas coisas, não é?
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