Ninguém se cansa de ouvir o som da própria voz Nem que para isso Tenha que se manter sempre acordado Com os pulmões sempre cheios Mesmo que se consiga apenas um latido, um gemido, um guincho Ninguém se cansa de ouvir o som da própria voz Sem novidade Nenhum consolo ou alívio E até com espanto Causando dor e arrependimento Ninguém se cansa de ouvir o som da própria voz Que seja um ruído Quase imperceptível Como prova de que se está vivo Percutido de dentro Para preencher o vazio Ninguém se cansa de ouvir o som da própria voz Mudam os objetos A paisagem, os outros se mudam Mas continua querendo dizer o mesmo Nada se guarda em si Nem silencia Ninguém se cansa de ouvir o som da própria voz