Lá vem você E a pergunta fatal Como encontrar A palavra ideal Uso palavras picadas no som Palavras magoadas de tantas paixões Palavras idiotas e alguns palavrões Guardo as palavras em grãos Pego uma boa porção Dessas que cabem na mão Vejo que os grãos fazem trilha São sílabas mínimas Todas em fila Em dúvida pura Não sabem se vão ou se não Pego uma outra porção Grãos que se espalham no chão Surgem palavras cifradas Normais ou mudadas Nascidas do nada Mas bem animadas Querendo ser mais do que são São as palavras que vão Caem na vida E vão se virar Prosa ou poesia O que despontar Fogem de mim Fogem de nós De tudo que era seu Vão assustar Vão seduzir Vão surpreender O mundo, você e eu Mas você volta Querendo saber Qual é o sonho Que gosto de ter Sonho com coisas de tempos atrás Com coisas que eu acho demais E outras com as quais Sonhar, não sonhar, tanto faz Sonhos são como sinais Sonho é o desejo que avança Sonho é o real que descansa Sonho é verdade aparente É o segredo mantido Que pouco se entende Mas que faz sentido Enquanto puder continuar Só que tem sonho que mente Mesmo que inocentemente Sonho que mente é carente É sonhado por gente Que sonha e não sente Que é dona do sonho Que dele vai ter que cuidar Sonho não pode acabar Quando se ouve Que o sonho acabou Sempre é na hora Que alguém acordou Sonho é aqui Dentro de nós De tudo que aconteceu Faz existir Faz explodir Faz renascer O mundo, você e eu