Eu quero a palavra que rasga a orelha do livro Palavra que finca bandeira no tronco da história Na dobra da esfera Palavra que dura e supera a agonia do agora Por fora do esquema Palavra que queima a revanche, destrói as correntes E quebra o dilema E não se amedrontará Quero a palavra que move a engrenagem do tempo Que cria memória Palavra que empurra a canoa e alimenta a fogueira Que limpa a sujeira Palavra que brota da boca de um santo guerreiro E varre a maldade Palavra que escreve esperança no céu da cidade Vibrando na nova era Palavra que ri no silêncio do gato Que canta uma reza na água da cachoeira Palavra que é planta no meio do mato E que reverbera a beleza Quero a palavra que veste uma capa de estrelas Que preste pras curas Palavra que acende figuras no céu da caverna E é mãe do poema Palavra que é sol e cinema, que é filha das luzes Maior do que as cruzes E sílaba a sílaba a fala será feito ilha Deserta do que é ruim Quero a palavra que cala em respeito ao silêncio Que serve, que vibra no alto Por baixo das águas, por cima das nuvens E é só gentileza Partilha do pão sobre a mesa, do céu sobre os ombros Que vence os escombros Palavra que brota do corpo feito tatuagem E ensina o que é coragem Palavra que ri no silêncio do gato Que canta uma reza na água da cachoeira Palavra que é planta no meio do mato E que reverbera a beleza Ke o elegbara Ara e e Ago nile Mofori gbale