Tô embolando na bola da embolada
Minha voz tá embalada na balada do embolar
Tô embolando na bola da embolada
Minha voz tá embalada na balada do embolar
A poesia é das letras maioral
Ela é santa, é infernal, na jornada do rimar
Como macaco, cada rima tem seu galho
Não é alho, como galho cada som tem seu par
No português, a raiz da poesia
E de toda cantoria é uma estrofe milenar
É miudinha e é bem espevitada
Mas é muita respeitada pra quem gosta de rimar
É conhecida pelo nome de quadrinha
Tá no samba, na modinha e em todo batucar
Está em Chico, em Drummond, em João Cabral
Na poesia marginal, no erudito e popular
Ela é uma estrofe formada de quatro versos
Que nunca estão dispersos, alternados vão rimar
E cada verso pra quadra ficar certinha
Sete sílabas a linha, se quiser pode contar
Tô embolando na bola da embolada
Minha voz tá embalada na balada do embolar
Tô embolando na bola da embolada
Minha voz tá embalada na balada do embolar
Tem a sextilha, uma estrofe de seis linhas
Sete sílabas justinhas, bem fáceis de soletrar
Igual à quadra, rimas também alternadas
Muito bem cadenciadas pro poeta não errar
Se acrescento duas linhas à sextilha
Eu aumento a família e outra estrofe vou ganhar
É o quadrão ou então mourão voltado
Tudo bem metrificado pra quem queira versejar
Mais duas linhas acrescento ao quadrão
E a estrofe, agora então, vira décima, veja lá
E com dez pés, muitas estrofes se têm
Mais modalidades vêm pra a arte do rimar
Agalopado é uma décima de dez sílabas
Que é irmã da hendecassílaba, nome chato de falar
Por isso então essa forma de poesia
Se chama na cantoria de galope beira mar
Tô embolando na bola da embolada
Minha voz tá embalada na balada do embolar
Tô embolando na bola da embolada
Minha voz tá embalada na balada do embolar
Mas tem ainda gabinete e gemedeira
Que é uma estrofe risadeira mas serve pra lamentar
Tem o rojão, a parcela e a setilha
A ligeira e a carretilha, dessa agora eu vou falar
Essa criatura é uma estrofe bem sonora
Amiga de toda hora da arte do meu rimar
Uma lindeza, é parente da quadrinha
É também de quatro linhas ligeirinhas de cantar
É com essa estrofe que eu estou embolando
E a plateia embalando para o tempo não passar
Cadenciada é minha locomotiva
Do juízo é emotiva, princesa do meu cantar
A diferença é o verso que começa
É mais curto, mais depressa
Quatro sílabas estão lá
E a sua rima que não é intercalada
Ela é sim emparelhada
Acompanhe o meu cantar
Prestem atenção, rimam os versos do meio
O que muda é o balanceio do brinquedo do rimar
E é dessa amiga que sempre está me ajudando
Que eu vou me desplugando pra seguir pra outro embalar
Tô embolando na bola da embolada
Minha voz tá embalada na balada do embolar
Tô embolando na bola da embolada
Minha voz tá embalada na balada do embolar
Tô embolando na bola da embolada
Minha voz tá embalada na balada do embolar
'Tô embolando, tô, tô, embolando tô
Embolando na bola, da bo-bo-bo-bo bolada
Bolada, bola, bola
Bola, balada, bola
Bola, bola, bola, bola
Balada, bolada, bola
Balada, bolada, bola, 'tô
Embolando, tô embolando
Tô, menino, tô
Tô embolando na bola, bola, bola
Ba-ba, ba-ba-ba-ba-ba balada
Balada, bolada, bala
Bala, bola, bola, bala
Embalada na balada
Bola, balada, bola, bola
Bola, bola, balada, bola, Doda
Oi, ah
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