Sou caboclo cativo da roça Na palhoça foi onde nasci No regime do trabalho bruto Bem matuto assim eu cresci Vendo arara fazendo pousada Na copada de um buriti E o dom da abelha indefesa Que fabrica junto a natureza A pureza do mel jataí Meu recanto é de felicidade Na verdade não tenho tristeza Aqui tenho de lenha um fogão E um pilão que é uma beleza Uma bica de água da fonte E um monte de flores na mesa Um radinho de pilha antigo Que confesso meu caro amigo Eu só ligo em moda sertaneja Com orgulho sou tapiocano Soberano na entranha do mato No perigo tenho por socorro Um cachorro amigo de fato O torresmo e o frango caipira Cambuquira e pimenta é meu prato Sou esteio de uma tradição Meu chuveiro é o ribeirão E o meu pão é feito sem bromato Eu acordo com a sinfonia Da magia do reino animal Me levanto com raios do sol No arrebol da luz natural As galinhas trato no terreiro Os terneiros que estão no curral Da imbira eu sou tronco e raiz E ouvindo o canto da perdiz Sou feliz no meu mundo rural