Oferenda não é essa perna de sofá Essa marca de pneu, esse óleo, esse breu Peixes entulhados, assassinados Não são oferendas essas latas e caixas Esses restos de navio Baleias encalhadas, pinguins tupiniquins Mortos e afins Minha rainha Não foi eu quem jogou ao mar Essas garrafas de Coca Essas flores de bosta Não mijei na tua praia Juro que não fui eu Juro que não fui eu Oferendas não são os criolos da Guiné Os negros de Cuba na luta, cruzando a nado Caçados e fisgados, náufragos Não são para o teu altar Essas lanchas e iates Esses transatlânticos Submarinos de guerra Ilhas de ozônio Oferenda não é essa maré de merda Esse tempo doente, deriva e degelo Nesse dia 2 de fevereiro, peço perdão Se a minha esperança é um grão de sal Espuma de sabão, nenhuma terra à vista Nesse oceano de medo Espuma de sabão, nenhuma terra à vista Nesse oceano de medo Nada, minha rainha