Te mando as rimas que há pouco eu fiz Tem uns buracos, depois ajeito Vê o que acha e aí me diz Um troço doido, nem sei direito A casa antiga que eu conheci Tinha umas sombras que o sol cortava A luz de um jeito que eu nunca vi Tu me sonhando eu te imaginava Os teus cabelos não tinham fim Teus brincos tinham memória e plástico Andamos juntos pelo jardim Sorrindo, prismas e pérolas e pétalas e pássaros E eu pressentindo uma coisa ruim Como um aviso que não chegasse Te ouvi dizendo "olha o capim" Cortaram ontem, mas já renasce Tem uns cavalos, vêm sempre aí Comer as ramas da cor de azeite Tu vem mais cedo outra vez daí De manhãzinha se bebe um leite Você dizia "mamãe tá aí?" Ouvindo as gias que raspam os cântaros Fiz uns desenhos, vem ver aqui O rosto dela com mirras e cânforas e bálsamos... Flutuar suspende as dores E sonhar reacende as cores Flutuar suspende as dores E sonhar reacende as cores A casa antiga que eu conheci Tinha umas sombras que o sol cortava A luz de um jeito que eu nunca vi Tu me sonhando eu te imaginava Ali a tia, tu disse "sim"? Quando se arreta com os gritos dos bárbaros Cata umas folhas e traz pra mim De eucaliptos, ciprestes, de cedros e plátanos Nem vou falar nas varandas de flores Flutuar suspende as dores E sonhar reacende as cores Flutuar suspende as dores E sonhar reacende as cores