Era um caminho quase sem pegadas Onde tantas madrugadas folhas serenaram Era uma estrada, muitas curvas tortas Quantas passagens e portas ali se ocultaram Era uma linha, sem começo e fim E as flores desse jardim, meus avós plantaram Era uma voz, um vento, um sussurro Relampo, trovão e murro nos que se lembraram Uma palavra Quase sem sentido Um tapa no pé do ouvido Todos escutaram Um grito mudo Perguntando aonde Nossa lembrança se esconde Meus avós gritaram ♪ Era uma dança Quase uma miragem Cada gesto, uma imagem Dos que se encantaram Um movimento Um traquejo forte Traçado, risco e recorte Se descortinaram Uma semente no meio da poeira Chã da lavoura primeira Meus avós dançaram Uma pancada Um ronco, um estralo E um trupés e um cavalo Guerreiros brincaram Quase uma queda Quase uma descida Uma seta remetida As mãos se apertaram Era uma festa Chegada e partida Saudações, despedidas Meus avós choraram ♪ Onde estará Aquele passo tonto E as armas para o confronto Onde se ocultaram? E o lampejo Da luz estupenda Que atravessou a fenda Que tantos enxergaram Ah, se eu pudesse Só por um segundo Rever os portões do mundo Que os avós criaram