Quando as minhas mãos já não tiverem o mesmo tato E pra golpear um potro já esteja faltando força no braço Quando eu levantar uma armada de pialo e me enredar no laço Certamente o boi irá correr mais e entra no mato E quando meus olhos ao longo dos campos não cortar distância E a juventude que em roubar orgulho não dar-me importância Com os olhos cansados eu olharei o mundo tão cheio de ânsias Levarei trompadas de saudades do meu tempo de infância ♪ Quando a minha espora não tinir mais num tranco estradeiro E o canto do galo silenciar ao longe em frias madrugadas Quando meu chapéu e o bico da bota não juntar geada O cavalo bom estará ficando muito mais ligeiro E quando minha adaga num fim de fandango não der um tinindo E o meu grito forte de eira boiada meio enlouquecido Ao redor do fogo lembrarei de tantos recuerdos perdidos Serei mais um laço velho arrebentado num canto esquecido ♪ Quando meus cabelos branquearem o meu rosto já estará enrugado Vou sentir receio do chifres do touro que ao tiro e não dobra O peso dos anos curvará meu corpo fraco sem manobra Longe do entreveiro, do grito dos pialos e do berro do gado E quando minha voz calar-se pra sempre ao entardecer Só Deus saberá qual o meu destino quando sol nascer O campo, as cochilhas, banhados e estradas não vão mais me ver Não quero morrer mais a morte é certa quando envelhecer