Amontoa o frete no baú da bagageira Põe viseira, capacete e aí já é Monta na bicheira, bota a chave no contato E sai rasgando depois de quicar no pé Segue na costura, dando dura num banana Chuta a lata, a moto escapa, ele se esgueira Tem uma encomenda pra deixar na Lapa Duas em Santana e uma última em Caieiras Boy que é motoboy não dá vacilo Se o parceiro tá no grilo vai chover irmão de fé O patrão põe pilha na loucura Só não põe a assinatura pro registro na carteira Filma cada passo do trajeto e vai no certo Que tá assim de nego a fim de lhe ganhar Briga por espaço, buzinando e dando braço Quando um merda invade o vão que é seu lugar Manda no pedaço, vira um puta de um pentelho Dominando o corredor, tirando raspa Arrebenta espelho, passa no farol vermelho Mas escapa do radar tapando a chapa O motor guinchando como rato nos esgotos Da cidade que precisa atravessar Quando chove para de baixo do viaduto Mas só para um tempo para pôr a capa E se mandar Como existir sem o vento? Como viver sem se arriscar? Como perder o cheiro da chuva no ar? A chance de barbarizar? O ronco dos escapamentos? Zune pelos túneis entravados Como um vagalume zonzo zanzando de lá pra cá Ziguezagueando atrás do carro, zoando Tirando sarro de quem roda devagar Depois de encarar buraco, barro, pedregulho Ele derrapa numa poça de chorume Cai beijando piche feito um bizarro besouro Queima o couro e, como já virou costume Trinca uma costela, quebra a perna Bota pino, parafuso, fica sem o anular Para só para convalescença que cair Não é doença, quer mais é chegar no cume E acelerar Como existir sem o vento? Como viver sem se arriscar? Como perder o cheiro da chuva no ar? A chance de barbarizar? O ronco dos escapamentos? Zune pelos túneis entravados Como um vagalume zonzo zanzando de lá pra cá Ziguezagueando atrás do carro, zoando Tirando sarro de quem roda devagar Depois de encarar buraco, barro, pedregulho Ele derrapa numa poça de chorume Cai beijando piche feito um bizarro besouro Queima o couro e, como já virou costume Trinca uma costela, quebra a perna Bota pino, parafuso, fica sem o anular Para só para convalescença que cair Não é doença, quer mais é chegar no cume E acelerar, acelerar, acelerar