Bem devagar Lentamente Respira Mergulha na minha derme Para os ventos colidirem E revelar seu rosto nu Que tanto me marcou Somos Cristo no pecado Dois pagãos de mãos dadas Subindo um rio de diamantes Não levaremos nada Não leva nada Que te sufoca Não temos tempo Somos o amanhecer Não leva nada Que te sufoca Não temos tempo Somos o amanhecer Troveja lá fora O caos se instaura O cais se parte O barco está longe O mar se revolta E não perdoa As braçadas que insisto em dar Amanheço Como se ressuscitasse Mãos furadas Pelos espinhos que me coroam Não escapo da própria sombra Cruz que pesa em cada gesto Não temos tempo A morte é quase Uma vírgula, reticências intermináveis O mal não dorme Fareja os rastros Por isso esquivo dos seus golpes Talvez meu ultimo dia seja hoje E se for, estou no aguardo Não leva nada Que te sufoca Não temos tempo Somos o amanhecer Não leva nada Que te sufoca Não temos tempo Somos o amanhecer Não leva nada nada daqui que te sufoca Não leva nada nada daqui Não leva nada Não leva nada nada daqui.