Imparcial debaixo dessas luzes rosas Que iluminam a caminhada até o quarto Que de praxe tem o cheiro doce dos seus cachos e pescoço Submerso nesse cárcere do seu querer Me vi perdido em meio à sua lábia Me vi caído pelo toque fresco de suas mãos Que articulam sobre o tempo E livros bobos de autoajuda que só leste o índice A chuva que varria toda lama e sujeira Trouxe um cheiro bom Lembrava as tardes que jogávamos no par ou ímpar Quem prepararia a primeira dose de café (foi você) O Sol se punha atrás dos montes E as fotos alaranjadas e vermelhas no final do lusco-fusco Eram quase de tirar o fôlego Foram um marco na semana cinza Pernas pro alto Enquanto os dedos iniciam O trabalho de fazer suspiros tímidos Ao pé do ouvido No topo do arranha-céu me sinto seco E com sede de pular nas profundezas desse vale ♪ Do santo ao pecado Em questão de algumas horas Eu me torno aniquilável pelos dias de abandono Nem tudo é flores no jardim da alma Aclimatada, invernal Quando vi já era tarde O mar que nos regia Trouxe entulhos de pressão e dor Que impuseram no nosso caminho São crimes sem castigo Vitimismo ou rosto conhecido Mas é claro que o sol ainda há de vir Iluminando a sala E mostrando que os fantasmas Eram apenas pensamentos sufocantes da rotina Contamos passos do quintal até a praia E o horizonte que se abriu Mostrou as rachaduras entre as nuvens Dava pra sentir a brisa fria que vinha do Sul E nos cortava a pele como facas ao abrir as frutas Movimentos Movimentos Tudo é movimento Movimentos que repetem ♪ Pernas pro alto Enquanto os dedos iniciam o trabalho De fazer suspiros tímidos ao pé do ouvido No topo do arranha-céu me sinto seco E com sede de pular nas profundezas desse vale Sombras trancam a passagem dos sentidos Quando nulo nu estava dentro de mim mesmo Em frangalhos tive pontes de acesso pro meu âmago Que se recuperava do estrago de ter te perdido Ainda que você fingia estar comigo Ainda que você fingia Ainda que você fingia estar comigo