Os manos que mataram George Floyd Merecem um soco de George Foreman e Floyd Mayweather, hoje eu tô meio Tyson e meio Eder Jofre Pra tombar esses racista podre Fuck the police que não ouve Não consigo respirar, mas não é COVID Você sempre soube sobre Distanciamento social no Brasil sempre houve Dá um close, vê de perto O que eles fizeram com João Alberto, espancado no supermercado Cuidado, mundão arisco Se você não tá no grupo de ricos, tá no grupo de risco "O racismo não existe", disse o Bozo e o Mourão Onde vocês moram? A pandemia revelou bem mais a nossa divisão Aê, cuzão, o COVID me tirou o olfato, mas não a visão Quais vidas importam? É um fato tão óbvio Como eles ainda discordam? Memo se tivesse de Air Jordan Amanhã podia ser a sua "last dance" se os policiais te abordam Eu não sou MC, sou doador de órgãos Meu coração vai pra todos que são dessa justiça órfãos Contra esse vírus tenho anticorpos Eu sei, mas não canto o que vivo, hoje eu canto pelos mortos Saiam das suas casas, saiam das suas covas Hoje os mortos vão se levantar Dessas covas rasas pra mostrar as provas Que o sistema tentou apagar Saiam das suas casas, saiam das suas covas Hoje os mortos vão se levantar Dessas covas rasas pra mostrar as provas Que o sistema tentou apagar Dararara Dararara Quando o rap canta É cada índio morto pela colonização que se levanta É Zumbi vindo vingar os que cortaram sua garganta É pra acordar defunto e até quem foi calado Nessa hora canta junto seu cântico É pelos ossos em pilhas que fazem trilhas no Oceano Atlântico Os levados pela corrente dos mares e dos maus Ganham vida pelos bares e saraus E cada alma assassinada num navio negreiro É ressuscitada por cada rapper negro brasileiro Quando o rap canta, parceiro, quem canta primeiro É João Candido, Chico Mendes e Antônio Conselheiro E quando as mina canta É por Ágatha, Maria, Marielle e outras tantas E se o corpo de Amarildo ainda não foi visto Não posso perder tempo falando da roupa que eu visto Não adianta, quando o rap canta É uma baioneta apontada bem na cabeça desses pilantra É pra assaltar o cofre de quem roubou da gente E devolver pra quem não tem nem o da janta É o grito na garganta de quem luta aqui Cada música é uma autópsia e o mic é um bisturi E cada MC é um médico legista A falar pelos mortos que ainda vivem a clamar pela justiça nunca vista Saiam das suas casas, saiam das suas covas Hoje os mortos vão se levantar Dessas covas rasas pra mostrar as provas Que o sistema tentou apagar Saiam das suas casas, saiam das suas covas Hoje os mortos vão se levantar Dessas covas rasas pra mostrar as provas Que o sistema tentou apagar