Serviste os míseros, os justos e os nobres O juíz, o carrasco, a vítima e o réu Também o bom, o mal, o forte e o fraco Serviste caim, serviste abel E o alanco que deste à oratória Sem receber a mínima menção E até as cartas dos marujos naufragados Carregaste pela arrebentação Agora como ousa um covarde ingrato Arrancar-te de tua nobre função Teria ocorrido ao juízo Do infame que atreveu-se a lhe impunhar Da glória de sua notória história Ao reduzir-te à arma em uma briga de bar Estraçalhando-te na cabeça alheia Por vão motivo que não vale assinalar Esquecendo que o que corre-lhe na veia Sem ti jamais poderia circular Antecipando assim a melancolia Que cedo ou tarde sentaria em nossa mesa Pois o que dói mais do que vê-la vazia É ver estraçalhada sua natureza Composição: Ivan Halfon