Passo todo tempo A tarde inteira à toa no sofá Um peso nas costas Não me deixa levantar Não me reconheço mais Na minha foto do crachá O espelho de casa Se recusa em me mostrar Tenho a sensação De haver outra pessoa presa aqui Um hóspede estranho Que não me deixa dormir Tento resistir à tentação De ser mais um troféu No colo dos pais Embrulhado por um véu No quarto sem cruz Me falta o ar, perco a visão O medo conduz O ritmo da pulsação Saliva e suor Misturam-se ao pranto que cai Na garganta, um nó Será que essa crise não vai Passar Passar Tenho a sensação De haver outra pessoa presa aqui Um hóspede estranho Que não me deixa dormir Tento resistir à tentação De ser mais um troféu No colo dos pais Embrulhado por um véu No quarto sem cruz Me falta o ar, perco a visão O medo conduz O ritmo da pulsação Saliva e suor Misturam-se ao pranto que cai Na garganta, um nó Será que essa crise não vai Passar Passar Passar Passar