'Tou no bar a curtir a minha cena
A pausar com a minha tropa
No relax, a chillar, curtir a drena
É mais uma cerveja
Conversa boa não gagueja
Um gajo aguenta
Mas a bexiga já aleixa
Quero mijar, agora quero mijar
Deitar o excesso fora, sem demora
Sem ornatos, levanto e vou embora
Chego nos lavabos
Tronos todos ocupados
Procuro uma sanita
Só urinóis vagos
A minha pila é obra de arte
Mas de colecção privada
Não é p'ra estar em qualquer parte em exposição forçada
Bela ideia
Homens a mijar em cadeia
Lado a lado, tudo encostado
Tipo colhões do mesmo saco
Alinhados estilo gado
Em frente à parede
Todos a olhar em frente parecem girassóis
Fuck para os urinóis
Imagina que era assim pró number two
Sanitas lado a lado, tudo colado, cu com cu, era nojento
Então p'ra mijar é este tormento
Quem foi a mente que inventou isto
Penso nisso enquanto aguento
Em 1886 registaram a patente do primeiro mictório
Era meio simplório
Ideia de uma mulher farta que no casório
O gajo sujasse o tampo da sanita e o chão marmóreo
Toda a gente sabe o que isso as irrita
Mais do que contraditório
Antes disso só havia sem autoclismo
Devia ser ganda smell, boy, ganda masoquismo
No Sri Lanka o mais velho encontrado como novo
Txi ganda panca, datava no século nono
Com o movimento sufragista das mulheres em manchete
Os urinóis ganharam momento
E ficaram mais populares que a retrete
Homens tinham a mentalidade que mijar de pé era superioridade, douchebags
E virou moda com a fonte de Duchamp em 1917
Otários, foi a pior invenção dos sanitários
Antes ter ovários mesmo com menores salários
Otários, queriam ver pichas saíssem dos armários
Organizassem visitas de estudo a balneários
Há uns que ainda têm uma divisória no meio
Outros são tipo linha de montagem, odeio
Outros têm um separador translúcido
Inventado por alguém que não estava lúcido
Ou que gosta saber quem tem prepúcio
Depois há uns que é tudo corrido
Parecido a um comedouro de uma festa suína
Urinol comunista como na China
Parece uma cooperativa da urina
Não percebo o que se passa ali
O teu xixi, não, o nosso xixi
Mas quando ficas tão aflito e tem de ser
Só há um espaço no meio, não há nada a fazer
Aquilo é uma parede, nem sequer são urinóis
É entrar e sair sem mede, special op dos GOE
Sacode com cuidado p'ra não ficares manchado
Mais de 3 vezes é punheta, já dizia o velho ditado
Vaga um urinol, finalmente, graças a Deus, isto está urgente
Sem ninguém ao lado
É a minha oportunidade de mijar à vontade
Já estou com os copos meio baço, apoio a cabeça no braço
Contra a parede
Chega um gajo, boy, não vê que está gente
Tem vários urinóis vazios lá para o fundo
E vai meter-se ao mesmo ao meu lado
Foda-se, isto é absurdo
A música deste bar é fixe
Desculpe, o que é que disse?
A música é fixe, eu gosto de rock'n'roll
Este caralho está a tentar fazer conversa no urinol?
What a fuck, man, que isto?
Fico em choque, man, 'safoda o rock
Quero lá saber de que música tu gostas
Fazer small talk com as miudezes expostas, ainda esperas repostas
Tu deves ser demente ou atrasado, olha em frente e está calado
Não temos de ser amigos
Só porque estamos a mijar lado a lado
Tento urinar, mas não dá
Bexiga tímida e envergonhada
Fico ali de braguilha aberta
A segurar a enguia e nada
A apanhar ar, ali, a olhar p'ra porcelana
Concentro-me a 100%, boy, a segurar a cana
Poder da mente, mind over matter
Nem com cateter na pixota, não há nada a fazer
Não sai nada da casota, não vai dar
Mais vale ceder o gajo não se cala
É desisti e sacudir e recolher enquanto ele fala
Parece que tem autismo
Para disfarçar puxo o autoclismo
Lavo as mãos na mesma só para não ser esquisito
Olho-me ao espelho, ui, 'tou bonito
Fico com vergonha de mim mesmo e bazo ainda mais aflito
Não curto urinar urinóis deves estar maluco
Mijar não é actividade de grupo
Estou aflito, mas prefiro dar o baza, baza
Se urinol fosse fixe um gajo tinha em casa, casa
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