Kishore Kumar Hits

PlayerDaking - Desordem lyrics

Artist: PlayerDaking

album: Desordem


Num dia cinzento vês o sol no fundo
Brevemente terás no colo um puto
A tua irmã dá-te a noticia ao telefone
Que a tua mãe tem cancro no colo do útero
O teu irmão emigrante tem apneia do sono
Sem sonhos ele dorme ligado a um tubo
A tua felicidade é efémera
Não há uma idade eterna
E rapidamente se torna um luto
O que não me mata faz de mim adulto
Mas ver a minha mãe com um tumor dá medo
Quantas piadas eu fiz sobre cancro
E p'ra me fazer de santo eu chamei de humor negro
E a dor que carrego eu não vejo humor nisso
Usei como desculpa a veia de humorista
Mas isso foi ideia de corista
Justificar males com areia p'ra vista
EU!
Cresci com fome mas fiz-me a vida
Se não havia comida, não havia azia
O meu pai punha a minha de barriga cheia
E depois tinha filhos de barriga vazia
Depois de tanta porrada
Ela só merecia ser feliz
Mas sempre quis o que não teria
Agora tem que olhar ao espelho
E ver cabelos a cair com a quimioterapia
(Desordem!)
Eu sei que ela se sente sozinha
E as lágrimas caem de tanta amargura
Azar no amor, azar na saúde
P'ra acabar entrevada numa cama dura
Numa ala escura do hospital
Ela chora por aquilo que podia ter sido
Porque nunca tentou corrigir os erros
Apenas quis substitui-los
Fez escolhas erradas
Hoje está arrependida
Mas águas passadas não movem moinhos
Por isso mãe podes contar comigo
Porque este é um exemplos
Que quero dar aos meus filhos
Ser negligenciado em criança
Fez-me criar uma mascara p'ra filtrar o cinismo
Falta de confiança faz-me querer estar sozinho
Eu desenvolvi um síndrome de achar tudo negativo
(Desordem!)
O meu irmão emigrou com 3 filhos p'ra França
Porque cá não tem rumo ou o apoio que precisa
E fui bulir nas obras sem estudos sem horas de saída
Faz turnos de noite e de dia
Num pais desconhecido ele sofre de racismo
E tem os putos na escola que não percebem a língua
E teve um acidente de trabalho
Que lhe deu uma lesão para o resto da vida
É mais fácil julgar do que tentar ajudar
Eu não sou homem de passar paninhos
Sempre fui daqueles que arranca pétalas as rosas
E fica a admirar os espinhos
Sempre senti uma raiva interior e rancor
Que me fizeram afastar os amigos
E se não houvesse ninguém a volta para eu culpar
Eu ia descarregar nos vizinhos
(Desordem!)
Sempre fui egoísta, egocêntrico, o Original
O resto nem cópias são
Ao ponto de quando morrer
Querer ser enterrado pelas minhas próprias mãos
Sempre me senti um Deus a olhar p'ros cristãos
Não me peçam a mão só hipócritas dão
Eu chego ao paraíso cuspo na maçã
Espanco a Eva com a cobra
E fuck you ao Adão
Porque tu para cresceres e pra te protegeres
Contróis um muro a tua volta
E as pessoas procuram uma entrada
Mas ficam só a andar a roda
Porque tu...
Criaste uma redoma onde o orgulho
Não te deixa abrir a porta
Quando dás por ti tas trancado lá dentro
E com a chave do lado de fora
DESORDEM!
É aquilo que eu vivo e que exponho
Não há vidas de sonho e aventuras
DESORDEM!
Narro realidades vividas
Tu sentes vergonha e censuras
Agora vou ser pai
A minha mãe tem cancro
O meu irmão ta doente
E vive tão distante
Não falo com o meu pai
Tenho problemas no banco
Eu 'tou com trinta e tais
O tempo passou num instante
DESORDEM!
DESORDEM!
É aquilo que sinto e que exprimo
Nas palavras que eu profiro
Todos dias rego o meu jardim
Isso foi o que aprendi em palavras do porfírio
A cabeça as voltas vai explodir em brasa
Já não há ordem que a endireitasse
Eu cresci em desordem, sempre vivi em desordem
Mas essa é a desordem que me faz sentir em casa
DESORDEM!
DESORDEM!
DESORDEM!

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