Na fazenda São Francisco Na beira do Rio da Morte Um outro caminhoneiro Traquejado no transporte Foi buscar uma vacada Para um criador do norte Na chegada eu pressentia Que era um dia de sorte Depois do embarque feito Só ficou um boi de corte ♪ O mestiço era bravo Que até na sombra investia A filha do fazendeiro Molhando os lábios dizia Eu nunca beijei ninguém Juro pela luz do dia Mas quem montar nesse boi E tirar a valentia Ganha meu primeiro beijo Que eu darei com alegria ♪ Vendo a beleza da moça Meu sangue ferveu na veia Eu calcei um par de espora E passei a mão na peia Peguei o mestiço à unha Rolei com ele na areia Enquanto ele esperneava Fui apertando a correia E quando eu sentei no lombo Foi que eu vi a coisa feia ♪ O boi saltou a porteira No primeiro corcovado Numa ladeira de pedra Desceu pulando furtado Saía língua de fogo Cheirava a chifre queimado Quando os cascos do mestiço Batia no lajeado Parou berrando na espora Ajoelhando derrotado ♪ Pra cumprir sua promessa A moça veio ligeiro Me disse: Você provou ser peão e boiadeiro Dos prêmios que eu vou lhe dar O beijo é o primeiro Sua boca foi abrindo Seu olhar ficou morteiro Nessa hora eu acordei Abraçando o travesseiro