Quando eu vejo uma campina Coberta de cerração E um luar cor de prata Clareando o meu sertão E um galo cantando ao longe Na dobrada do espigão Os tempos de serenata Me vem na recordação, ai ♪ Quando escuto uma cigarra Nas tardinhas de verão Deitado na minha rede No terreiro do garpão' E as fumaças das queimadas Abafa meu coração Me alembro daquela ingrata É triste a recordação, ai ♪ Quando eu escuto um berrante Ressoando no grotão E vejo uma boiada Passando pelo estradão Meus olhos chora a saudade Do tempo que eu fui peão Somente a espora prateada Guardei por recordação, ai ♪ Hoje eu sou um velho esquecido Jogado na solidão A vida é passageira Este mundo é uma ilusão Adeus, minha mocidade Sei que não vorta' mais não O dia que vir a morte Acaba a recordação, ai