Num restaurante granfino chegou um senhor mal trajado Sentou na mesa e pediu um almoço reforçado O garçom lhe respondeu com um modo indelicado Procure outro ambiente de acordo com seu estado Só recebemos elite, esta casa não permite Freguês chapéu atolado ♪ Passava das doze horas muita gente no salão Normalistas e doutores pessoas de posição O caboclo envergonhado com a atitude do garçom Foi saindo constrangido pela grande humilhação Antes de sair na porta, disse aguarde a minha volta No traje de cidadão ♪ Procurou uma barbearia, cabelo e barba cortou Camisa, terno e gravata, sapato e meia comprou Artigos de alta classe muito caro lhe custou Pagando com cheque ouro ao negociante falou Não tenho aparência nobre, mas o ouro não é cobre Eu quero mostrar quem sou ♪ No outro dia bem cedo um carro novo comprou As doze horas em ponto no restaurante chegou Não sendo reconhecido na mesma mesa sentou Pediu a melhor bebida, o preço não perguntou Foi gentilmente atendido, o garçom muito exibido De doutor já lhe chamou ♪ Respondeu: Não sou doutor, não seja tão delicado Se ontem aqui nesta casa por você fui maltratado Eu tenho muitas fazendas e muitos mil empregados No meu campo de trabalho não se anda engravatado Quem dá luxo e vaidade pros bacanas da cidade É o chapéu atolado