Eu venho de onde é normal ter só um sobrenome Porque tem pai que mete o pé, ter pau não é ser homem Rimar não é ser o rap, querer não é poder Observar não é absorver, falar não é fazer E os cara só fala de sexo, eu não entendo mais Se gabando do que até o nosso primata faz Eu sou terror desses comédia que é sem senso crítico Odeio político Falam de ser diferente, mas são tão iguais O ser humano é um androide, hoje tudo é anexo Eu não vejo nexo em sexo e violência A ignorância na audiência torna tudo mais complexo E o reflexo do MC é um público com demência Quando eu conheci, o rap era temido e protestante Hoje tá engraçado, ó, tem até comediante Postura na decadência, loucura tem preferência A elite rouba a atenção, e a cultura tá indo à falência Fartura só de dolências, vendem cura e criam doenças Fazem mal pra humanidade pelo bem da ciência Não adianta tomar pílula, enfermo no espírito Eu me viro com o que tenho, tu só sabe reclamar E a influência desses jack só fode os moleque novo Cultiva a brisa do estupro Agora se imagine um segundo no lugar dela que sofre, irmão Ou você sendo o fruto Não dá pra desistir de novo, de novo Não dá pra desistir de novo, de novo Dedo na ferida Eu sigo pisando nos calo Penso, logo existo E se existo e penso, eu falo Vida Kahlo, muito sofrida Deixa a ferida [?] claro Aos olhos de quem não via A beleza a um palmo à frente Julgando no escuro às cegas É que quando a alma já não sente Você vê, mas não enxerga Não se comove na guerra Que não é santa, nem pela paz É só um monte de ego inflado Medindo quem pode mais Então me diga pra onde vai Esse menor reformado Problema é 'cês achar que solução é ter culpado Que segurança é enquadro Que humilhar é se impor Que preto rouba mercado Que todo branco é doutor Meu corpo não é só uma casca E sim uma possibilidade O poder da minha mente desafia a gravidade Sem metade, por inteiro Aqui eu me entrego Onde quem vem plantar perdão Acaba com as mãos no prego Quantidade não é qualidade Aprendi em conjunto Não com muitos que fazem pouco Com poucos que valem muito Esse é o intuito, irmão 'Tar vivo e ser referência Eu reflito e faço o som E meu som faz a diferença De fato, Leal, 'cê faz a diferença O som do Primeiramente me fez refletir demais E hoje não dá mais pra voltar atrás Se nós não lutar na guerra, nunca veremos tempos de paz Eu sei que abala a fé e o choro pesa A solidão mata e o rancor estressa E quem não vive a nossa pele diz que a lenda reza Que a nossa vida é fácil porque nós cantamo em festa Meu sonho não é lotar um show de dez mil cabeça Contratante pagando em dólar e muita bebida Meu sonho é cantar pra uma pessoa E ter certeza que essa pessoa refletiu sobre a vida Louca, o mundo é osso duro E, pra dar valor no sol, eu convivi no escuro Eu percebi que todo santo teve um passado Mas nem todo pecador tem um futuro E, pra sair do anonimato, lama Tive que abrir mão de vaidade e grana Porque eu sei que nem toda carniça desse mundo Traz tantos urubus quanto trouxe a fama Cuidado com as pessoas que você enaltece E mais cuidado ainda em quem você desmerece Porque eu sou igual fogo: Eu aqueço quem precisa, mas queimo quem merece Não dá pra desistir de novo, de novo Não dá pra desistir de novo, de novo