Preciso falar sério agora Sério, bora E é mais comigo do que com quem tá lá fora Há anos eu adio essa conversa Não é papo de primeira diss É papo de de quem mesmo sem saber de onde começa De primeira diz: não seja covarde É clichê mas nunca é tarde Boa parte da minha carreira eu tive Medo de ser eu mesmo e ser pouco pro rap O que eu oferecer, inseguro com as minhas rimas Uma vez me ridicularizaram e aquilo enterrou minha autoestima Do jeito à voz era tudo ruim Queria ser os outros, mas eu nunca fui ninguém além de mim Minha briga era com o espelho Não aceitava aquilo que ali estava Aliás, achava que o futuro que eu projetava era bom demais Grande demais pra embalagem que me comportava E a timidez como balaclava Dom, amava escrever mas odiava ouvir meu próprio som Pique o fragmentado Espera querendo ser reconhecido mas nem eu sabia quem eu era A Dani sabe das minhas crise eu não falo do disco Ainda assim ela abraçou o risco Admiro a forma que ela age, visto que ela é ela mesma Coisa que até então eu não tinha coragem Sinistro, então quem era nas linha se essas rima, esses disco essas ideia são minhas Só que compondo era só eu me expondo à toa Todo esse tempo esperando a aprovação das pessoa, mano Nunca tive depressão, eu não brinco com isso Essa doença é séria, tenha afinco com isso Mas eu versus eu era ridículo Botava fé no meu talento mas duvidava de mim como veículo Até o lance dos palavrão que querendo ou não, devia ter um medo inconsciente da rejeição Carai, quase bati a nave mas o rap que Eu amo nunca foi grade, sempre foi chave Liberdade, não agrado, nem acaso e nem atraso A onda que não bate só no raso Sem dom pra Shakespeare Trouxe a real como paragem mesmo que Até os fã ainda prefiram um personagem Atrás de canaã feito um hebreu Quebrei a quarta parede do outro lado era eu Revendo que essa saga inclui Eu já quis ser outra pessoa mas o fato é: eu nunca fui Só eu pisei meus passos, só eu chorei meu choro na base do tomara Sem cara, sem coro E se vivi a bomba então é meu o estouro Me agarrei a isso como se tivesse quatro braços igual coro Sem meu agouro, só meu agora Um universo aqui dentro e o planeta lá fora A gente se adapta, não no meu cenário essa é minha metamorfose de Kafka, só que ao contrário Queria tanto ser alguém que qualquer um tava Valendo, mas já era eu, mesmo não reconhecendo Parece confuso, agora imagine todo esse conflito Na minha mente e só eu e Deus sabendo Por muitos anos eu achei que eu não bastaria Que tudo aquilo que me fazia ser eu, Meu diferencial, não acrescentaria nada as pessoas A partir daí tentei ser tudo, menos eu Corri tanto de mim Mas tanto que só parei quando trombei de frente com uma casca vazia E notei que ali dentro cabia exatamente cada vontade minha, cada memória Vi que a casca era forte o suficiente pra suportar as tempestades que de vez em quando eu costumo atravessar Até espaço para as minhas frustrações havia lá, resolvi entrar Eu sou a única pessoa que eu poderia ser Quanta gente tem medo de ser si e sã Quanta gente tem medo de ser si e sã Quanta gente tem medo de ser si e sã Quanta gente tem...