Eles tentam derrubar-te, estatelar-te no tapete Impedir-te de ascender e escalar a parede Amordaçam-te, agrilhoam-te, vendem-te a ilusão Minam-te a vontade, só resta resignação Dum horizonte limitado simulado num chroma key A fonte tem secado, o sonho já não mora aqui É o elefante preso à estaca com a fina corda Trago o estalo à padrasto na cara que te acorda Para a realidade, verdade inconveniente É pólvora, em cada palavra que ferve na mente Maçarico aceso sente o cheiro a enxofre O semblante é intenso, porque este povo sofre Sem ponto de fuga, a poesia é profunda A mentira é imunda, arranca a sanguessuga O sopro vem do coração, alimenta as brasas Sai da escuridão da gruta e abre bem as asas A paciência esgota corta a mão que furta Dinamite detona porque o pavio encurta A justiça não é cega o povo já fumega Combustível aspergido, sistema de rega Voam faúlhas, faíscas, raios e coriscos Soa o amolador é tempo de chuviscos Canivetes que cuspiste voltam em queda livre Efeito boomerang o karma é detective Vive, porque esta geração só sobrevive O apetite é voraz, estou no limite Corrosivo no discurso solto aguarrás Às vezes é preciso guerra para viver em paz A hipocrisia não me apraz, honra não tem preço Tropeço, ergo-me das cinzas, recomeço É a vontade indómita, de forma sónica Em mim transporto energia duma bomba atómica Fogo Solto raiva acumulada no meu âmago Fogo Cuspo labaredas do fundo do estômago Fogo Das cinzas nascem asas, voo Fogo, fogo, fogo