Moacir plantava cherimoia em Pindamonhangaba Por oito horas por dia ele trabalhava Nas terras de seu sogro agricultor. Cabelos cor de palha, Tão foscos que se algum desavisado olhasse Para o seu rosto até imaginava Que alguém tinha aplicado um filtro blur. E a bela Úrsula, Esposa de Moacir, o esperava em casa Tentando não sentir o tempo que passava Enquanto ela varria o quintal. Casou-se aos quinze anos. Agora com dezoito. Antes tinha muitos planos E agora imaginava se a vida era mais Que roupas num varal. Um dia um cacheiro viajante Apareceu na estrada Enquanto Moacir cravava sua enxada Nas terras do Vale do Paraíba. Um dia um cacheiro viajante Apareceu na estrada Enquanto Moacir cravava sua enxada Nas terras do Vale do Paraíba. Ouvira na cidade Que a esposa de um certo matuto fosco Era a portadora do mais belo rosto Que ele veria em toda sua vida. Abriu a sua mala para Moacir e Lhe mostrou emplastros e elixires E para a senhora, perfumes por um preço camarada. E o fosco plantador de cherimoia Achou que Úrsula gostaria dessa história E indicou a sua casa Que ficava no fim daquela estrada. Úrsula, quando viu o cacheiro, Logo se encantou com o seu cheiro de dinheiro E com conversas sobre a vida lá no Rio de Janeiro E o vendedor, que era belo de se ver, Lhe prometeu luxo e amor, Mas só lhe deu DST E a moça se perdeu Em arrependimento e desespero. Moacir recebeu a notícia de um camarada: No fundo do Paraíba do Sul estava O corpo de Úrsula, seu amor. Em sua fosquidão ele não entendeu nada E um ano depois, casou-se com a cunhada E ainda planta cherimoias Nas terras do seu sogro agricultor.