Quando a gente sair daqui Eu não quero ter que lembrar Dos dias que as lágrimas regaram dores Que o tempo não vai conseguir apagar Quando a gente sair daqui Eu não quero ter que lembrar Dos dias que as lágrimas regaram dores Que o tempo não vai conseguir apagar Eu vim pra ser bem mais do que você espera Me diz que imagem você faz de um homem preto Você me vê distante do reino dos céus Enquanto eu tô me aproximando do reino de Kêtu Não se prende um filho de Oxossi no gueto Crescemos acostumados a caçar na mata Então não importa a selva, não importa o contexto Importa a ancestralidade e nossa flecha mata Você me vê apenas como um corpo violento Pronto pra violentar e ser violentado Um corpo pra ser um corpo agressor de mulher preta Um corpo pra ser um corpo agredido pelo Estado E eu não sou isso, isso eu não sou Eu sou aquilo que foge à compreensão De quem traz a base na filosofia grega E os costumes ancorados no ideal cristão Meu rap é textão, minha correria prática Minha construção didática e os menor chamam de mestre Pra entrar nas mente que são cavernas sem luz E nunca mais sair de lá, pintura rupestre Como as pirâmides, um dia eles dirão que não é terrestre Pois eles nunca irão admitir que gente preta É responsável por no mínimo quase tudo De interessante que existe nesse planeta! Quando a gente sair daqui Eu não quero ter que lembrar Dos dias que as lágrimas regaram dores Que o tempo não vai conseguir apagar Quando a gente sair daqui Eu não quero ter que lembrar Dos dias que as lágrimas regaram dores Que o tempo não vai conseguir apagar Nesse momento, o que não cabe é rap superficial E o que me cabe são ataques que condenem a estrutura Comunicar de forma simples o ancestral Eu faço rap artesanal, trato letras como esculturas Num tempo de tanto rap deficiente Meus raps são como obras de Aleijadinho Só tem que eu não dialogo com a igreja Eu faço rap de terreiro e sem mandinga não é um rap do Elniño Já disse que eu não vim sozinho, olha essas alma em volta! Eu trouxe um panteão de orixás a minha escolta Não sou Malê, nem Haussá, mas verão minha revolta Tipo João Cândido, não me candidato à derrota Um almirante preto, então escuta, preta Seu barco não vai se afundar nesse marzão de solidão Essas menina branca só 'tão por elas mesmas Com nóis vai ser raça primeiro, então me dá tua mão Com nóis vai ser raça primeiro, então me dá tua mão Com nóis vai ser raça primeiro Incomoda os vizinho Crente com a defumação Que purifica o ambiente E prepara o corpo para a missão De ser transporte para a alma Nesse plano, nesse chão Onde tudo é matéria E ao mesmo tempo é ilusão Incomoda os vizinho Crente com a defumação Que purifica o ambiente E prepara o corpo para a missão De ser transporte para a alma Nesse plano, nesse chão Onde tudo é matéria E ao mesmo tempo é ilusão Incomoda os vizinho Quando a gente sair daqui Eu não quero ter que lembrar Dos dias que as lágrimas regaram dores Que o tempo não vai conseguir apagar Quando a gente sair daqui Eu não quero ter que lembrar Dos dias que as lágrimas regaram dores Que o tempo não vai conseguir apagar Quando a gente sair daqui Eu não quero ter que lembrar Dos dias que as lágrimas regaram dores Que o tempo não vai conseguir apagar Quando a gente sair daqui Eu não quero ter que lembrar Dos dias que as lágrimas regaram dores Que o tempo não vai conseguir apagar