Aqui a liberdade tem preço e peso
E com essa lei dos homens
Nem Deus tá ileso
Ainda bem que os meus sangraram por essa terra
Somente os mortos conhecem o fim da guerra
Meu mano, o bagulho tá loko
Eles têm sangue nosso nas mãos
Eles querem sangrar o nosso povo
Só tem que, meu mano, hoje não
Meu mano, o bagulho tá loko
Eles têm sangue nosso nas mãos
Eles querem sangrar o nosso povo
Só tem que, meu mano, hoje não (Hoje não)
Me diz quanto tu ganha pra poder vender tuas dores
Cheio de roupas de marca pra playboy poder dançar
Essas mesmas marcadas de propriedade deles
Que seus irmãozin se mata pra um dia poder alcançar
É um puta paradoxo, nós presos nesse ciclo
Que nunca se recicla, mas sempre nos consome
Enquanto os pretin' que não se presta a esse serviço
O mercado dá seu jeito e rapidin' com eles some
Mano, esses aplausos falam pouco sobre amor
Deixa tu cometer um erro pra tu ver o que pesa mais
A mesma merda cometida por um branco
Não tem metade do peso do que quando um preto faz
Aos meus ancestrais eu me reporto e peço bença
Respeito é fundamento que eu não deixo se perder
Meu som é troca de idéia entre pretos
E eu nào faço questão de quem não é preto entender
Ainda é aquilo, cês são saco de vacilo
Sua consciência pesa e eu não alivio a carga
Eu sou o pretinho que ao hip hop serve
Sempre azedando teu molho trazendo umas rima amarga
Eu rimo simples, mas sem nunca ser simplista
Meu rap tá nas pista, mas também nas faculdade
Eu rimo simples, mas sem nunca ser simplista
Pra que meus rap não morra antes de ter um ano de idade
Já rimei por vaidade, nessa desonrei meu povo
Sankofa me ensinou a não fazer feio de novo
E hoje o hip hop pra mim é um Orixá
Pelo qual bato cabeça e os seus fundamentos promovo
Como Diop na intenção de revelar verdades
Como Garvey na função de nossa autonomia
O filho da Celinha tem orgulho de ser preto
E tenta transformar todo esse orgulho em poesia
Rapaz
Tem que respeitar, nego rei
Rapaz
Meu mano, o bagulho tá loko
Eles têm sangue nosso nas mãos
Eles querem sangrar o nosso povo
Só tem que, meu mano, hoje não
Meu mano, o bagulho tá loko
Eles têm sangue nosso nas mãos
Eles querem sangrar o nosso povo
Só tem que, meu mano, hoje não (Hoje não)
Que o tempo voa num sopro
E os erros de ontem não se repetirão
O que a alma guarda se reflete no corpo
E com a mente dos outros não se aprende a lição
Então não se contente com pouco
Ninguém de lá vai passar a visão
Do quanto teu suor vale ouro
Que o quanto tua vida não tá em questão
Esse é o som da solidão, o choro que move moinho
Eu aprendi com a infiltração que a água sempre acha um caminho
Eu sou cristal, Thiago Elniño
O poder dos tambores
Raízes e radinhos, eu sou Cores e Valores
Dinheiro se faz, é bônus, mas não te faz como somos
Nada recupera a paz
Depois que se corrompe sonhos
Título cego de dono
Epicentro do ego
Se o tirano tá no trono
Não só me ausento, renego
Entre martelos e pregos, seja a engrenagem
O mundo é tão pequen, mano, veja a paisagem
E agradeça à passagem
Celebridade é uma punchline
Maquiada nas cartas de Willy Lynch
E eu reconheço a dor de um malandro no olhar
Eu sempre vou me entender ao te encontrar
Esse amor que eu dou é o que eu tenho pra dar
Não vou morrer covarde ao tentar
Meu bairro carrega traumas irreversíveis
Injustificáveis, porém compreensíveis
Devido a tanto descaso, descuido e dor
No livro da minha história, tu é ladrão
"Descobridor" pra não dizer estupro
Estude, criança preta
Não deixe te confundir, não deixe de conflitar
Não deixe de combater, não deixe de moderar
Não deixe te embranquecer, nem ao menos te morenar
Acredite na tua potência
Pois o Estado não promove o teu bem estar
E depois de gerações, vendo a festa só pela festa
Derrubamos portões, cansa ficar com o que restar
Meu mano, o bagulho tá loko
Eles têm sangue nosso nas mãos
Eles querem sangrar o nosso povo
Só tem que, meu mano, hoje não
Meu mano, o bagulho tá loko
Eles têm sangue nosso nas mãos
Eles querem sangrar o nosso povo
Só tem que, meu mano, hoje não (Hoje não)
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