Feito os antigos, que sopravam vidro Tento dar vida ao verso com meu sopro Colho do fogo a alma dolorida Colho do vento as asas e o esforço Colho da areia a forma tão mutável Feito os antigos que sopravam vidro Para que voe a vida nessa nave Para que pouse a ave nesse ninho E quando, ao fim, chegar à forma ousada Que, igual ao vidro, possa conter vinho Ou, pelo menos, seja tão clarinho Que entre a luz caso não tenha nada ... que, igual ao vidro, tenha a cor da água E eu possa ver a forma imaginária Do amor sorrindo, vitrificado e lindo E quando, ao fim, petrificado e frio Que, igual ao vidro, possa conter vinho Ou, pelo menos, seja tão clarinho Que passe a luz quando estiver vazio ... que, igual ao vidro, tenha a cor da água E eu possa ver a forma imaginada Do amor sorrindo, iluminado e lindo