O frio fizera espesso o pelo dos cavalos E arrefecera a alegria dessas aves Quando as primeiras naves de neblina e sonho Trouxeram pros fogões as legiões dos homens Pairava sobre a água o sonho azul do gelo O dia simulava um velho espelho De turva superfície e de silêncio E o tempo já hibernava sobre o tempo Foi quando percebi que não estavas E que mudara tudo a tua falta A terra, o vento, o fogo, a água Em tudo estava o que já não havia A luz, a sombra, a paz, a melodia E essa alegria, já, desesperada Foi nesse tempo que eu sonhei a esmo Foi nesse tempo que eu vivi fugindo No caos indecifrável desses caminhos Já nem encontro os rastros de mim mesmo Naquele inverno de silêncio e vidro Ainda hoje sigo te perdendo