Se quando canto não minto É porque canto faminto à mesa posta do mundo É fome que não tem fundo Quanto mais canto, mais sinto Esse cantar absinto que a lucidez contamina É uma estranha morfina, cuja a dose aumenta a dor Mas só quem bebe podia saciar a fome tardia De se cantar por amor Como se cada momento Fosse mero fingimento, a vida me cobra o canto E a fome que aumenta tanto É a mesma que dá sustento Sei de canoas quebradas Que cruzam águas paradas e canto com a boca no mundo Pois não tem poço mais fundo Do que a alma apaixonada Por isso canto e não minto E em qualquer espelho pinto a boca Que é um coração E redesenho a paixão que é toda fome que eu sinto ♪ Esse cantar absinto que a lucidez contamina É uma estranha morfina, cuja a dose aumenta a dor Mas só quem bebe podia saciar a fome tardia De se cantar por amor Mas só quem bebe podia saciar a fome tardia De se cantar por amor