"Nós somos os flagelados do Vento-Leste! A nosso favor Não houve campanhas de solidariedade Não se abriram os lares para nos abrigar E não houve braços estendidos fraternamente para nós Somos os flagelados do Vento-Leste! O mar transmitiu-nos a sua perseverança Aprendemos com o vento o bailar na desgraça As cabras ensinaram-nos a comer pedras para não perecermos Somos os flagelados do Vento-Leste! Morremos e ressuscitamos todos os anos Para desespero dos que nos impedem a caminhada Teimosamente continuamos de pé Num desafio aos deuses e aos homens E as estiagens já não nos metem medo Porque descobrimos a origem das coisas (Quando pudermos!...) Somos os flagelados do Vento-Leste! Os homens esqueceram-se de nos chamar irmãos E as vozes solidárias que temos sempre escutado São apenas As vozes do mar Que nos salgou o sangue As vozes do vento Que nos entranhou o ritmo do equilíbrio E as vozes das nossas montanhas Estranha e silenciosamente musicais Nós somos os flagelados do Vento-Leste!"