São braços, abraços estreitos Gente que vai e que vem Gente parada a ver passar São as imagens das viagens De quem foi p'ra muito longe De quem só sonhou um dia lá chegar São navegantes em terra Com a alma a velejar São soldados sem guerra Que atiram contra fantasmas Que não podem alcançar Que não vão poder matar Nas ruas ficam as marcas Da coragem e do medo Nas sombras da madrugada Há quem fuja ao seu degredo E grite a negro nas paredes São braços, abraços estreitos Que se dão ou que se vendem Nos atalhos da má sorte É vida a contorcer-se Ao sabor da multidão É falta de coragem Que mata mais do que a morte Mata antes de se morrer São navegantes rio acima Rua abaixo sem um norte É gente de pouca idade Que aprendeu cedo a saudade Do amor e de outra sorte Nas ruas ficam as marcas Do que alegra ou entristece O grito de quem se cala Quando outro dia amanhece Outro dia que amanhece Outro dia que amanhece Outro dia que amanhece Outro dia que amanhece Outro dia que amanhece Outro dia que amanhece Outro dia que amanhece Outro dia que amanhece