Sei que a noite vem E uma insónia garantida que não paguei Não sei se agradeço a quem Ter este tempo extra dentro da cabeça Mas tudo o que é banal fica tão absurdo E o que era casual fica tão agudo Que posso dedicar-me ao avesso do mundo Sem que nada me impeça Sei que a noite cai Mas cai garantidamente aqui ao lado Sobre a minha cama como se fosse Uma presença que eu tivesse desejado E então quando começa com as opiniões Toda a sua panóplia de argumentações Eu juro que me agarro com força às pestanas Mas elas resistem a tudo, espartanas ♪ Sei que a noite vem Claramente alucinada sem nenhuma cerimónia Instala-se de braços cruzados Qual utente com direitos a haver à insónia E nada a demove da sua intenção De me levar p'ra lá da exasperação Eufórica, exige todo o tempo de antena E nem debaixo da almofada consigo sair de cena Talvez se eu me render E hastear o meu lençol Eu possa ainda adormecer Noutro canto à luz do sol Enquanto o mundo indiferente A minha guerra privada Começa outro dia leve Como se não fosse nada