Haverá luz sugada no escuro? Será calor o murmúrio do frio? Terá amor o avesso da vida? Haverá sonhos no fundo da dor? Serão gritos os cais do silêncio? Será coragem a tremura do medo? Haverá chuva que lave este sangue E deixe que a terra acalme devagar? Esquece o medo, sai do escuro Abre comportas, deixa gritar Vai mais fundo, persegue o mar Persegue o mar Será só a vertigem do abismo? Será mordaça a leveza do pó? Haverá negro sugado na luz? Haverá longe por dentro de nós? Ando sobre uma aresta de gelo Na vertigem de um trapézio de fogo Mas canta-me um pouco na tempestade Canta-me um pouco na tempestade E deixa que a terra acalme devagar Esquece o medo, sai do escuro Abre comportas, deixa gritar Vai mais fundo, persegue o mar Persegue o mar Esquece o medo, sai do escuro Abre comportas, deixa gritar Vai mais fundo, persegue o mar Persegue o mar Esquece o medo, sai do escuro Abre comportas, deixa gritar Vai mais fundo, persegue o mar Persegue o mar